Ela faz

Posted in Sem-categoria on janeiro 4, 2009 by Guilherme Coelho

 

(Leonard Cohen – Love itself)

O pensamento era precisamente retilíneo e coerente. Estávamos sentados na cama. Aliás, eu estava sentado e ela deitada. Apesar da posição não muito cômoda, aquelas palavras, como de costume, transportavam-me a um estado dormente, a um efeito ludovico de inconsciência, tamanha a precisão com que dissolviam em texto de poucas linhas toda a decadência humana. Minha alma estava ali, sonolenta, mas estava ali, mergulhando na seqüência atordoante de  palavras simples e de sentidos tão mais simples quanto à essência que difere um homem, uma vaca e uma estrela. E, enquanto estava ali, estupefato por fonemas, tentando compreender como aqueles poucos significantes insignificantes podiam abarcar o universo, ela olhou para mim e deu um sorriso. Toda a decadência humana já não importava mais. Não sei como ela faz isso, mas ela faz….

Se a história acompanhasse o tempo…

Posted in Sem-categoria on dezembro 20, 2008 by Guilherme Coelho

 

Adaptado de Salvador Dali 

(Adaptado de Salvador Dali)

"Sofremos pouco pelo muito que nos falta e alegramo-nos muito pelo pouco que temos…" Adaptado de William Shakespeare.

"Me agrada aconselhar porque, em todos os casos, se trata de uma irresponsabilidade necessária." Adaptado de Albert Einstein.

"Se se quer ser alguém, deve envenenar-se à própria sombra." Adaptado de Friedrich Nietzsche.

"O motivo da guerra é a Paz." Adaptado de Aristóteles.

"Hay que tener ternura pero sin endurecer-se jamas!" Adaptado de Ernesto Che Guevara.

"A vida é maravilhosa quando se tem medo dela." Adaptado de Charles Chaplin.

"O povo transfere para o governo toda sua fúria e sofrimento." Adaptado de Bob Marley

"Todo homem possui um vício. O meu é o vício de linguagem". Adaptado de Guilherme Coelho

Como numa boa ficção

Posted in Sem-categoria on dezembro 10, 2008 by Guilherme Coelho

 

sombra

Como numa boa ficção, em minha busca pela pergunta certa para a resposta Amor (todos pensam que o amor é um mistério, mas ele é apenas a resposta certa para uma pergunta que ninguém ainda fez), acabei conhecendo todos os amores possíveis e impossíveis. Durante séculos literários testemunhei e experimentei sua evolução narrativa. Do derramar de sangue de corações apaixonados por páginas e mais páginas de cavalhadas canalhas até cavalgadas pelos jardins de uma alma humanamente condenada à imcompletude de sua natureza. Não só conheci os amores, como conheci o Amor em suas profundas reticências… altruísta, egoísta, clássico, revolucionário, eterno e efêmero. Hoje, posso revelar a todos que essa busca foi em vão. Depois de alguns copos de esperança e medo, mistura conhecidamente perigosa, apesar de não passar de mais do mesmo, resolvi entornar de vez minhas lembranças e planos na mesa e dar razão a meu alter-cúmplice, que sempre tentou me alertar – Guilherme, ao contrário do que você pensa, todo esse trabalho de observação humana e descobrimento do ser cotidiano através de seus sentimentos não irá facilitar as regras. Você pensa que pode aprender a jogar com a vida? Não pode, pois é ela que está jogando com você. – Agora continuo minha busca pela pergunta certa para mais uma resposta já bastante conhecida: vida!

À janela (Conto do amor americano)

Posted in Sem-categoria on outubro 19, 2008 by Guilherme Coelho

 

janela1

Balance

Posted in Sem-categoria on setembro 24, 2008 by Guilherme Coelho

Won the Oscar for Best Animated Short, 1990

Figura abstrata

Posted in Sem-categoria on setembro 13, 2008 by Guilherme Coelho

 

Nela Vicente - A magia de um olhar

Antes era uma flor
No alto do amor
Era doce toda dor
De quem arde em seu calor

O amor se sente em paz
No mundo que se desfaz
Pra se pôr em pedestais
Por quem nunca foi capaz

De cegar a luz do dia
Com olhos de noite fria
E recitar a autofagia
Como cura à heresia

Doce infeliz destino
Poesia que acaba sem rima
Sem beijo, muda de cena
E a flor que era pequenina
Termina

Antes, quando era apenas uma flor… e nada, nada mais do que aquela pequenina de perfeita delicadeza flor. E vivia lá no alto, no alto da barca do amor. Onde navegar é impreciso e os ventos indecisos naufragam a paixão das naus à deriva dos descuidos de sua natureza, natureza humanamente descuidada. Não conseguem chorar as nuvens por onde hão de caminhar, nem pescar estrelas a piscar no mar. Porém, era doce aquela dor. De todos os que ardiam ao seu calor. Porque, a eles, era possível falar do amor. Amor. Jaz. Jaz o amor que somente sente paz… paz no mundo que se desfaz. E sob seus restos mortais, só pra se pôr em pedestais, se levanta e encanta o hino de corais. Encanta enquanto é canto por quem nunca foi capaz. Capaz de descer a noite tom sobre tom. E assim cegar a luz do dia. Cavalheiros lúgubres, se abstraem de sua consciência exânime para contemplar a orgia de sua natureza morta. Seus olhos de noite fria quebrantam a paz da doce fantasia sonhada pela pobre que vive só. E como cura à heresia, recita a própria autofagia. Encontra seu caminho diante da humanidade diminuta por sua humildade cínica. Seu doce e infeliz destino é encontrar-se no fim de uma poesia sem rima, pobre menina. Acabar sem beijo e sem morfina. Era apenas uma flor… tão pequenina menina. e assim termina.

Humor

Posted in Sem-categoria on agosto 22, 2008 by Guilherme Coelho

 

Nela Vicente - touro

Sempre que preciso exteriorizar minhalma, Londres me vem à cabeça, mas eu nunca estive lá. Há um humor poético,  icônico, irônico, incômodo e, sobretudo, incômico nesta frase. Por que as comédias são sempre trágicas?! Eu respondo: porque residem no senso comum. É o que nos atrai a qualquer forma de humor, o senso comum. Aliás, é o que nos atrai a qualquer forma de discurso. E não me refiro ao senso comum que se vulgarizou nos becos do jornalismo circense, da política prolixa poliândrica ou na crítica católica calótica. Me refiro ao senso comum como forma de pensamento coletivo, compartilhado, distribuído, porém, escondido, guardado em nosso fosso de pensamentos proibidos. Quando um homem é capaz de exteriorizar este pensamento, está feito o humor da vida. Digo isso porque este humor a que me refiro é aquele que nos acorda, que nos bate à cara e nos mostra que estamos vivos. Por isso o chamamos Espirituoso. Este humor já esteve nos palcos, já esteve nos palanques. Hoje ele anda um pouco sumido, um pouco guardado de mais. Acredito que o humor está perdendo a sua poesia. O humor está cada vez mais trágico. E essa tragédia é toda nossa.

Zimbábue, 27 de junho de 2008

Posted in Sem-categoria with tags on junho 28, 2008 by Guilherme Coelho

welcome_to_zimbabwe

Plagiador

Posted in Sem-categoria on junho 22, 2008 by Guilherme Coelho

dogville

Séculos e séculos literários de atenção à humanessência não foram suficientes. Tentei. Juro que tentei. Mas não consigo ser um plagiador. Tenho então que me render ao amor. Só o amor pode plagiar a dor. Eu… não passo de um homenageador. Homenageio a dor do fingidor. Homenageio a dor do amador. …ao traidor e ao enganador, minha homenagem a seu gemido de dor. Como numa bela canção. Cada um com seu jeito de ser vencedor através de sua própria dor. Inspiro-me em seu gemido, por muitos temido, pela poesia traduzido, para dizer o que digo. Como numa bela canção que não tem cura. Se não posso plagiar a dor, pelo menos posso rimá-la com amor.

Experimente

Posted in Sem-categoria on junho 15, 2008 by Guilherme Coelho

Experiment

Lo desahogo de Zheimer Al zheimer

Posted in Sem-categoria on junho 7, 2008 by Guilherme Coelho

 

Alzheimer

Estás aí de novo. Sorri, pois triunfaste sobre meu corpo e nem ao menos lembro desde quando habitas meu espelho todos os dias pela manhã. És o mal que consome minha memória, que devora minhas certezas e me atira num futuro inferno de estranhos penosos e patéticos tentando me ajudar em não sei o quê, nem por quê. Não saberás o quanto os amei. Não saberás o quanto te amei. O quanto tive orgulho de teu sucesso. O quanto me feri com tuas feridas. O quanto cultivei teus belos cabelos… hoje grisalhos. Não sabes que tua sorte é também a tua própria morte. Que acabarás junto comigo, sem direito a um último delírio de lembrança e nostalgia em teus últimos segundos. Morrerás sem saber o que é dignidade, pois, quando chegar tua hora, não terás passado.

Fizeste pensarem de mim um velho. Lentamente, castraste-me a liberdade, sufocaste minha independência. Deixaste-me desorientado, e agora não posso mais atravessar a rua, pois não haverá em minha memória o caminho de volta. Tua loucura, agora também é minha. Não te reconheço, não me reconheço. Tornaste-me um prostrado passivo, um apático desinteressado da vida. Com meus amigos, deixaste-me irritado, egoísta, agressivo. Estás em min, mas não possuo nada de ti.

Roubaste minha confiança, minha criatividade, meus valores. Trancaste para sempre a porta do quarto que guarda meus segredos. Tantos livros, tantos discos. Tiraste de mim as melodias que ressoavam de meus dedos, hoje já não tão ágeis para vibrar as cordas. Tornaste-me um compositor de frases curtas, palavras perdidas, palavras repetidas, que um dia, quem sabe, uma mente também amaldiçoada por teu mal, compreenderá o que dizem.

Apagas-te o brilho desta pobre mulher que sofre na cama ao meu lado, cujo esperava guardar para sempre, num suposto lugar mais seguro dentro de mim. Não me deixas-te nada. Morrerei, tu morrerás, todos morrerão. Mas não penses que tua vitória serás plena. De uma coisa tenhas certeza. Não terás teu mérito. A ti, deixo apenas este desabafo e esta dose de cicuta em meu Campari, que roubar-te-á o gostinho de destilar minhalma até a última gota.

Prisão domiciliar

Posted in Sem-categoria on junho 4, 2008 by Guilherme Coelho

Nela Vicente - Tout le temp du monde - óleo s- tela 35x45

(Nela Vicente – Tout le temp du monde – óleo s- tela 35×45)

 

Quem inventou a janela?

a) um papagaio mudo

b) um dublê de poeta

c) um poeta fingiDor

d) um jornalista recém formado

Difícil ser feliz assim III

Posted in Sem-categoria on junho 4, 2008 by Guilherme Coelho

 

Nela Vicente - almaanimal

“Acredite em mim, porque eu não acredito em mais nada…”. Neste exato momento, juro que não sei o que me causa mais arrepios. Sua tautologia histerinética que dispara combinações frasais capazes de arrancar-me a roupa e a alma a deixar-me transitivo a qualquer uma de suas conjugações ou a minha inércia psicológica que me leva a navegar sobre a lógica das oscilações osculares que estes lábios desesperadamente evitam e combatem com palavras.

É de lágrima / Que faço o mar pra navegar.

– E é de mágica / Que eu dobro a vida em flor.

Não seria demais pedir sinceridade nesse momento, se nós dois já sabemos que o depois é a razão do que por orgulho não conseguimos ainda?

Difícil ser feliz assim II

Posted in Sem-categoria on junho 1, 2008 by Guilherme Coelho

 

Deixa a ilusão abrir-te a porta - Nela Vicente

I was afraid that you would not insist /. Sua passividade atravessa minha sensibilidade. Como toda boa poesia, sua triste ambigüidade te faz linda, atormenta-me, mas dá sentido às também ambíguas tristezas da minha vida. Que tal uma ilusão acompanhada de perdão?! “you sound so angry / just calm down, you found me”. É tão fácil se perder na inconsciência de um momento. E todo bom momento da nossa vida é engolido na inconsistência deste instante. Como um mar que traga por maldade e por inveja de tudo aquilo que não é salgado… e sagrado seja.

Difícil ser feliz assim

Posted in Sem-categoria on maio 28, 2008 by Guilherme Coelho

Sadness

Você tem razão, o sofrimento redime, agora, tente ser maior que o seu orgulho e se convença disso. Mas tudo bem, eu também sou culpado (e quem se interessa de quem é a culpa?). Estive presente em todos os maus momentos, te privei do sabor de ser um perdedor. Fui seu cais quando você não queria porto. Egoísta como sou, foi por amor que roubei a sua dor. E quis ter os pés no chão / Tanto eu abri mão / Que hoje eu entendi / Sonho não se dá / É botão de flor / O sabor do fel / É de cortar. Se você quer sentir a pena então eu saio de cena. Sua maior fraqueza é querer ser forte demais. E é por amor que não terá mais em meu olhar o teu sofrimento em cor. Doerá em mim não poder suportar a sua dor. Assim será. Os dias que eu me vejo só são dias / Que eu me encontro mais e mesmo assim / Eu sei tão bem: existe alguém pra me libertar!

Eu e Mauro

Posted in Sem-categoria on maio 26, 2008 by Guilherme Coelho

 

Esquina

Mauro, assim como eu, tem 22 anos, é estudante, tem grande apreço pela filosofia clássica, pela literatura e  por comunicação. Particularidades pouco perceptíveis, disfarçadas sobre o boné sujo e esfiapado, a calça alguns números maior que o de seu tamanho e o jeito de skatista. Assim como eu, Mauro gosta de sair com os amigos para profanar filosofias de mesa de bar, ao som de música dos anos sessenta e setenta, e de levar a vida a divagar quase pairando. Mauro é uma pessoa que procura a simplicidade nas coisas. Assim, ele tenta ter maior controle sobre sua vida. Assim como eu. Mauro é um garoto tímido. Não sabe onde coloca as mãos ao conversar comigo. Exceto quando fala de Veríssimo, um de seus escritores favoritos. Ele se enche de autoridade e se imposta como num palanque. Assim como eu falando de Pessoa(s).

Mauro e eu somos pessoas muito parecidas. Poderíamos ser amigos de futebol, de leitura, ou tocar juntos numa banda. Mas infelizmente, o autoritarismo social nos torna pessoas completamente distantes. Todos os dias eu encontro Mauro no final da tarde quando estou chegando à faculdade. Conversamos sobre o que cada um tem lido, sobre os planos para o futuro e nos despedimos. Aqui, nossos caminhos se dividem. Eu vou assistir à aula e solidificar a esperança de um futuro mais promissor e seguro, apesar de cursar jornalismo. Mauro retorna à companhia de seu skate, vai guardar meu carro e muitos outros até terminar a aula.

Faz alguns meses que Mauro guarda os carros dos alunos da faculdade. Eu sei que, enquanto estou assistindo à aula, Mauro não está vigiando meu carro. E não ligo. Gosto de perceber que um livro em suas mãos recebe mais atenção que meu carro. Talvez isto me alivie o peso de ser um favorecido em um país desigual. Talvez isto alivie a barreira de classes que me distancia de Mauro. Talvez isto seja apenas um pré-conceito. Mauro sonha um dia ser filósofo. Torso muito pelo seu sucesso, mas não gosto de lhe dar moedas. Estas moedas não fazem falta para mim nem vão realizar o sonho de Mauro, mas, sem elas, “Eu e Mauro” não existe.

(Atualmente, Mauro estuda filosofia na Universidade de Ouro Preto)

Koyaanisqatsi

Posted in Sem-categoria with tags on maio 21, 2008 by Guilherme Coelho

Rua Pitt, 688

Posted in Sem-categoria on maio 12, 2008 by Guilherme Coelho

Em um encontro com o passado, ele me disse que não pensa no futuro.

Rua Pitt, 688

Mesmo que o tempo mude
Nada mudará internamente
Ao sentir em si a juventude
Alma, tornar-se-á experiente

Portão, branco, envelhecido
A paixão é perigo iminente
Que ora passa despercebida
Noutra, frio interno ascende

A infância desce pra brincar
E o tempo brinda à amizade
Se dormir, tudo pode acabar
Sonho tornar-se-á saudade.

Pequenos retalhos esquecidos de passados inesquecíveis

Posted in Sem-categoria on maio 8, 2008 by Guilherme Coelho

Nela Vicente - Retalhos de Ternura

Verificava os dois bolsos da calça o Acaso antes de sair atrás de um ocaso para sua certeza. Norah acertava os últimos fios no penteado antes de examinar por completo cada centímetro quadrado de sua imagem e sentimentos refletidos no espelho, prévios segundos para os minutos mais felizes de sua vida. Otto Ouvia aquela voz lasciva e latente, apaixonando-se pela alma misteriosa figurada naquelas ondas sonoras e vivendo o mais efêmero caso de amor platônico enquanto percorria o universo entre o elevador e a sala de espera, onde sua consciência teria tempo infinito para martirizá-lo. A Dona levantava-se do banco pela segunda vez no intervalo entre a conversa com outra senhora e a chegada do ônibus para sua cidade, o silêncio de uma amizade recente a incomodava. Gustavo parava ao lado da porta do escritório onde seu pai lia relatórios jurídicos com seus óculos quase despencando do nariz, por pouco hesitou e quase desistiu, sabia que palavras adestradas sempre se rebelam nessas horas. Caio clamava em pensamento um palavrão antes de se dirigir a ela, que tentava encontrar uma forma de se defender do que nem podia imaginar, mas fingia ter perdido o olhar em qualquer distração inconsciente. Francis fixava os olhos na projeção de suas sombras 2 em 1, tentando separar corpo e espírito e deleitando-se em seus últimos segundos de razão até deletar-se e entregar-se mais uma vez àquele mar de água doce. Jorge recostava-se ao banco defronte à água cinzenta e carregada de pedaços de gelo do rio Charles, onde não havia vivalma…

El Suicida

(Jorge Luiz Borges)

No quedará en la noche una estrella.
No quedará la noche
Moriré y conmigo la suma
Del intolerable universo.
Borraré las pirámides, las medallas,
Los continentes y las caras.
Borraré la acumulación del pasado.
Haré polvo la historia, polvo el polvo.
Estoy mirando el último poniente.
Oigo el último pájaro.
Lego la nada a nadie.

Acróstico

Posted in Sem-categoria on abril 28, 2008 by Guilherme Coelho

Olhos Karol Amarilis

Karoline, ah, se beijo te desse,
Ao meu lado te pusesse
Romance de amor que padece
Outrora, jamais se esquece.
Lascívia pura e imaculada
Inocente, pulsa incontrolada.
Natura da poesia entoada
Em rimas perfeitas, cantada.

Minha vida que só em ti ressoa
Impetra alegria à alma que voa.
Noites em claro, à luz da ilusão
Habita-me, em sonhos, a solidão.
Amanhã, terá sido tudo em vão?

Vida vivida em versos escrita
Importa poesia à canção que suspira
Das flores na literatura descritas
Amarílis és tu, a minha querida.

Vida

Posted in Sem-categoria on março 7, 2008 by Guilherme Coelho

Segundo o Ministro Carlos Ayres Brito em voto pela improcedência da Adin 3.510-0 contra a Lei de Biosegurança

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(Ian Malek – Lição – Pintor iraniano considerado um dos maiores gênios da arte realista)

Falo “pessoas físicas ou naturais”, devo explicar, para abranger tão-somente aquelas que sobrevivem ao parto feminino e por isso mesmo contempladas com o atributo a que o art.2º do Código Civil Brasileiro chama de “personalidade civil”, literis: “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Donde a interpretação de que é preciso vida pós-parto para o ganho de uma personalidade perante o Direito (teoria “natalista”, portanto, em oposição às teorias da “personalidade condicional” e da “concepcionista”). Mas personalidade como predicado ou apanágio de quem é pessoa numa dimensão biográfica, mais que simplesmente Biológica, segundo este preciso testemunho intelectual do publicista José Afonso da Silva:

“Vida, no texto constitucional

(art. 5º, caput), não será considerada

apenas no seu sentido biológico de

incessante auto-atividade funcional,

peculiar à matéria orgânica, mas na sua

acepção biográfica mais compreensiva

(…)”5.

Se é assim, ou seja, cogitando-se de personalidade numa dimensão biográfica, penso que se está a falar do indivíduo já empírica ou numericamente agregado à espécie animal-humana; isto é, já contabilizável como efetiva unidade ou exteriorizada parcela do gênero humano. Indivíduo, então, perceptível a olho nu e que tem sua história de vida incontornavelmente interativa. Múltipla e incessantemente relacional. Por isso que definido como membro dessa ou daquela sociedade civil e nominalizado sujeito perante o Direito. Sujeito que não precisa mais do que de sua própria faticidade como nativivo para instantaneamente se tornar um rematado centro de imputação jurídica. Logo, sujeito capaz de adquirir direitos em seu próprio nome, além de, preenchidas certas condições de tempo e de sanidade mental, também em nome próprio contrair voluntariamente obrigações e se pôr como endereçado de normas que já signifiquem imposição de “deveres”, propriamente. O que só pode acontecer a partir do nascimento com vida, renove-se a proposição.

Com efeito, é para o indivíduo assim biograficamente qualificado que as leis dispõem sobre o seu nominalizado registro em cartório (cartório de registro civil das pessoas naturais) e lhe conferem uma nacionalidade. Indivíduo-pessoa, conseguintemente, a se dotar de toda uma gradativa formação moral e espiritual, esta última segundo uma cosmovisão não exatamente darwiniana ou evolutiva do ser humano, porém criacionista ou divina (prisma em que Deus é tido como a nascente e ao mesmo tempo a embocadura de toda a corrente de vida de qualquer dos personalizados seres humanos). Com o que se tem a seguinte e ainda provisória definição jurídica: vida humana já revestida do atributo da personalidade civil é o fenômeno que transcorre entre o nascimento com vida e a morte.(…)

(o ser das coisas é o movimento, assentou Heráclito)

(…) O embrião é o embrião, o feto é o feto e a pessoa humana é a pessoa humana. Esta não se antecipa à metamorfose dos outros dois organismos. É o produto final dessa metamorfose. O sufixo grego “meta” a significar, aqui, uma mudança tal de estado que implica um ir além de si mesmo para se tornar um outro ser. Tal como se dá entre a planta e a semente, a chuva e a nuvem, a borboleta e a crisálida, a crisálida e a lagarta (e ninguém afirma que a semente já seja a planta, a nuvem, a chuva, a lagarta, a crisálida, a crisálida, a borboleta). O elemento anterior como que tendo de se imolar para o nascimento do posterior. Donde não existir pessoa humana embrionária, mas embrião de pessoa humana, passando necessariamente por essa entidade a que chamamos “feto”. Este e o embrião a merecer tutela infraconstitucional, por derivação da tutela que a própria Constituição dispensa à pessoa humana propriamente dita. Essa pessoa humana, agora sim, que tanto é parte do todo social quanto um todo à parte. Parte de algo e um algo à parte. Um microcosmo, então, a se pôr como “a medida de todas as coisas”, na sempre atual proposição filosófica de Protágoras (485/410 a.C.) e a servir de inspiração para os compositores brasileiros Tom-Zé e Ana Carolina afirmarem que “O homem é sozinho a casa da humanidade”.

“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim
todos os sonhos do mundo”.

(Fernando Pessoa – Tabacaria)

Odira e Odimu

Posted in Sem-categoria on fevereiro 6, 2008 by Guilherme Coelho

 

Diagrama de Keely

 

PS: Alguns filósofos ainda acreditam que semi-árido e semi-úmido sejam a mesma coisa.

Condenado à liberdade

Posted in Sem-categoria with tags on janeiro 10, 2008 by Guilherme Coelho

 Liberdade - Eugene Delacroix

Palavra

Posted in Sem-categoria on janeiro 3, 2008 by Guilherme Coelho

Palavra

O coração, se pudesse pensar, pararia

Posted in Sem-categoria with tags , , on janeiro 2, 2008 by Guilherme Coelho

 

fernando-pessoa 

Quando nasceu a geração, a que pertenço, encontrou o mundo desprovido de apoio para quem tivesse cérebro, e ao mesmo tempo coração. O trablaho destrutivo das gerações anteriores fizera que o mundo, para o qual nascemos, não tivesse segurança que nos dar na ordem religiosa, esteio que nos dar na ordem moral, tranquilidade que nos dar na ordem política. Nascemos já em plena angústia metafísica, em plena angústia moral, em pleno desassossego político. Ébrias das fórmulas externas, dos meros processos da razão e da ciência, as gerações, que nos precederam, aluíram todos os fundamentos da fé cristã, porque a sua crítica bíblica, subindo de crítica dos textos a crítica mitológica, reduziu os evangelhos e a anterior hierografia dos judeus a um amontoado incerto de mitos, de legendas e de mera literatura; e a sua crítica científica gradualmente apontou os erros, as ingenuidades selvagens da ‘ciência’ primitiva dos evangelhos; e, ao mesmo tempo, a liberdade de discussão, que pôs em praça todos os problemas metafísicos, arrastou com eles os problemas religiosos onde fossem da metafísica. Ébrias de uma coisa incerta, a que chamaram ‘positividade’, essas gerações criticaram toda a moral, esquadrinharam todas as regras de viver, e, de tal choque de doutrinas, só ficou a certeza nenhuma, e a dor de não haver esta certeza. Uma sociedade assim indisciplinada nos seus fundamentos culturais não podia, evidentemente, ser senão vítima, na política, dessa indisciplina; e assim foi que acordámos para um mundo ávido de novidades sociais, e com alegria ia à conquista de uma liberdade que não sabia o que era, de um progresso que nunca definira.

 

Em algum lugar da cultura brasileira…

Posted in Sem-categoria with tags on dezembro 13, 2007 by Guilherme Coelho

 

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Arrebol

Posted in Sem-categoria with tags on dezembro 2, 2007 by Guilherme Coelho

 

É desnecessário falar-te das coisas
Para que iria eu falar-te das coisas?
Melhor seria falar-te do homem
Pois foi o homem quem criou as coisas.

O homem não está nas coisas
As coisas é que estão no homem
Assim como as crenças… estão no homem
Que criou as coisas e as crenças.

O homem criou as palavras e nelas ele crê
O homem criou as palavras para salvá-lo
Salvá-lo da confusão das letras perdidas.

O homem criou o jogo de palavras
Para correr, se esconder e se perder
Não sabe que esconde-se de si mesmo.

Como anda a timidez

Posted in Sem-categoria with tags on dezembro 2, 2007 by Guilherme Coelho

(Pintura de Tarsila do Amaral - Sao Paulo-1924)

(Pintura de Tarsila do Amaral - Sao Paulo-1924)(Pintura de Tarsila do Amaral - Sao Paulo-1924)

Devorando o Angu de Sangue

Posted in Sem-categoria on dezembro 2, 2007 by Guilherme Coelho

Marcelino Freire, de blogueiro para blogueiro, reservo-me o direito de publicar aqui minha resenha crítica sobre o seu livro “Angu de Sangue”. A você, fica minha leitura sobre seu texto (entenda como um elogio… ou não). Aos demais leitores, uma dica sobre a obra de um grande escritor contemporâneo (mesmo se não gostarem da crítica, leiam o livro).

angu_gde.jpg 

Angu de Sangue 

Os ratos, os vermes, os fungos, as cáries, as moscas, a rêmora, o abutre. A literatura de Marcelino Freire rasteja, caça, persegue, absorve e devora os restos da vida humana, num comensalismo antropofágico que se esbalda do melhor banquete de sobras, o submundo de qualquer metrópole. À Marcelino interessam os restos, as sobras, as sombras de nossa consciência varrida pela hipocrisia burguesa. Em Angu de sangue (Ateliê Editorial, 2005), Marcelino Freire põe à mesa o prato mais caro do banquete, cabeça de gente. Cabeça de piranha, cabeça de macaco, cabeça servida de miséria ao molho de sangue com de angu. 

Dezessete contos e dezessete imagens intercalados. As palavras constroem as cenas, desconstroem o ser humano e depois se perdem num sarau de significantes e significados. As imagens não dizem nada. Quem diz somos nós, leitores, réus. Elas estão lá apenas para servir. Servir nossas vistas. Assim como as palavras. Nós nos servimos de suas palavras de sangue e seus significados indigestos. Tragamos cada caso, cada acaso, cada ocaso de relacionamento, cada porta na cara de um mendigo, cada desejo guardado à chave que abre a porta de nosso quarto dos segredos.   

Este Angu de Sangue também é feito de farinha . A mesma farinha das hóstias que redimem nossas almas depois de enxotarmos um mendigo e pedirmos que volte outro dia. Que lava nossos pecados depois de desejarmos o corpo quente e sadio do menino de dezesseis anos à memória fria e ultrapassada de momentos com o marido pré-enterrado. Mas é também a mesma farinha que receita o pão que o diabo amassou, o santo cuspiu e nós, em nossa divina caridade, expurgamos de nossos lares supostamente limpos para podermos olhar no espelho escondendo a culpa de saber que, no fim, somos todos farinha do mesmo saco.

Alma, o negócio da propaganda

Posted in Sem-categoria with tags , on dezembro 1, 2007 by Guilherme Coelho

Homenagem de um jornalista que queria ser poeta, aos poetas que se tornaram publicitários.

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Poesia Personalitè

 

Viver é bom
Viver sem fronteiras
Viva o que é bom
Viva o lado Coca-Cola da vida
Porque a Vida é Agora
A vida inspira-nos
Justifica Tudo
É gostoso e faz bem
Gostoso como eu gosto
Só o amor tem este sabor
Voar é simples
Simples assim
Porque você vale muito
Você faz a diferença
Você pode ser o que quiser
Fazendo mais que o possível
Claro que você tem mais
Venha para o mundo de Marlboro
Aqui é o lugar
A gente se vê por aqui
Seja Autêntico
Viva o novo
Viva o momento. NOW
Drive your way
Martplus
Tim
Coca-cola
Coca-cola
Visa
Millennium bcp
Biscoito negresco
Kibom
Bobs
Tempero Sazon
Web Jet
OI
L`Oreal
Ox Cosméticos
O Boticário
Banco Real
Claro
Malboro
Brasil Telecon
TV Globo
Brastemp
Ford
Vodafone
Hyundai

Existem coisas que as pessoas compram, para todas as outras existe publicidade. Viva com moderação.